JavaScript não suportado

 

Identificação do primeiro registro de onça-parda com leucismo é feito por pesquisador da UFRPE

onça parda branca caminhando dentro da mata

Por Julianne Mendonça
julianne-ccs@ufrpe.br

Pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) divulgaram, no início de dezembro, o primeiro registro mundial de uma onça parda com leucismo. Segundo os estudiosos, o ineditismo do achado reforça a importância de conhecer mais sobre o leucismo, com a realização de novos estudos genéticos e evolutivos da coloração animal em diferentes espécies.

A imagem havia sido captada em 2013, pela equipe do PARNASO, mas a identificação do leucismo na onça-parda só foi realizada posteriormente, pelo Dr. Lucas Gonçalves, pesquisador vinculado ao Departamento de Biologia da UFRPE, sendo divulgada em todo o Brasil em dezembro de 2018. Os resultados da pesquisa, intitulada “First record of leucism in puma from Serra dos Órgãos National Park, Brazil” serão disponibilizados até o fim de janeiro de 2019, pela revista CatNews, da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

“É uma descoberta cientificamente incrível. Primeiro por tratar-se de um registro único para um animal da fauna brasileira, e por ser o primeiro caso em felinos do Brasil. O achado abre as portas para estudos genéticos e evolutivos da coloração animal em populações naturais, de relevância adaptativa no ambiente e aspectos de conservação”, explica Lucas Gonçalves, pesquisador vinculado ao Departamento de Biologia da UFRPE, responsável pela identificação do leucismo na da onça-parda.

Segundo o pesquisador, o leucismo é uma variação fenotípica de caráter recessivo que resulta na despigmentação da pelagem dos animais. Sua frequência é baixíssima na população natural. Diferentemente do albinismo, que atinge todos os tecidos do animal, o leucismo restringe-se apenas às camadas com pêlos e não causa maior sensibilidade à luz do sol.  É um tipo raro de alteração em mamíferos, embora já tenha sido registrado em leões e tigres.

De acordo com Gonçalves, o estudo do leucismo não se restringe apenas aos felinos. “Eu e o professor Dr. Martín Montes, da UFRPE, estamos estudando outros grupos animais também. No momento já temos dados de animais como morcegos, canídeos, marsupiais, primatas, sempre com foco nas questões relacionadas a colorações e ambientes”, reforça o pesquisador.

A pesquisa

A imagem, feita em 2013, faz parte do ‘Inventário e monitoramento de mamíferos de médio e grande porte no Parque Nacional da Serra dos Órgãos’, desenvolvido entre 2010 e 2016, envolvendo 24 estações de amostragem. O inventário é uma colaboração do PARNASO, que entrou para o projeto de pesquisa dos fenótipos polimórficos que já vinha sendo desenvolvido por Lucas Gonçalves e pelo professor Martín Montes.

O registro foi feito através de armadilhas fotográficas posicionadas para capturar a imagem do animal, por meio de sensores de presença e temperatura.  A onça em questão trata-se de um jovem macho. Embora o animal não tenha sido avistado nos anos seguintes, Lucas acredita que ainda há possibilidades de estudá-lo futuramente. “Em 2016 o monitoramento parou por falta de verbas. Esperamos retomá-lo em 2019, mas estamos trabalhando com a possibilidade de reencontrar a onça e depois fazer a captura para análise genética”.

Identificar onde a onça está é um trabalho que ajuda na conservação da fauna do PARNASO. “Pode ser que futuramente apareçam mais onças brancas na população do parque”, acredita o pesquisador.

 

Onça parda com leucismo caminha dentro da mata