Autoras:
- Ayonara Dayane Leal da Silva
Seção de Saúde Bucal do DQV/UFRPE, Mestre em Ciência e Tecnologia em Saúde/ UEPB.
- Marina Ferreira de Medeiros Mendes
Coordenadora de Atenção à Saúde do DQV/UFRPE, Doutora em Saúde Internacional – IHMT- Portugal.
Vários estudos associam ao gênero masculino um menor cuidado em relação à saúde, sobretudo a saúde bucal. Os homens têm maiores taxas de mortalidade em todas as idades, pois relutam frequentemente em procurar assistência médica por considerarem fraqueza masculina e vulnerabilidade, o que resulta em uma baixa acessibilidade da população masculina aos serviços preventivos da atenção primária 1 .
Nesse contexto, considera-se a publicação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) 2 , em 2008, uma conquista da saúde pública no Brasil. Entre os escopos, destacam-se: evidenciar os principais fatores de morbimortalidade e o reconhecimento de determinantes sociais que resultam na vulnerabilidade da população masculina aos agravos à saúde, bem como mobilizá-los para luta, garantia de seu direito social à saúde e torná-los protagonistas de suas demandas, de forma a consolidar seus direitos de cidadania.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) 3 , em 2020, indicam a próstata como a localização primária de câncer mais prevalente em homens e a cavidade oral, a quinta mais frequente. Há uma maior adesão dos homens no que diz respeito aos hábitos considerados fatores de desenvolvimento de câncer. Em relação ao tabagismo, os homens usam cigarros com maior frequência que as mulheres, o que acarreta maior vulnerabilidade às doenças cardiovasculares, câncer, doenças pulmonares obstrutivas crônicas, doenças bucais e outras. Evidencia-se também que os homens se expõem de forma mais precoce aos agentes cancerígenos que as mulheres.
Outra afecção que merece destaque é a doença periodontal, que é provocada pelo acúmulo de placa bacteriana e pode se dividir em gengivite – estágio em que atinge a gengiva; e em periodontite - forma mais agressiva da doença, em que atinge o osso e o ligamento periodontal 1,4 . De acordo com a Academia Americana de Periodontologia 4 , os fatores de risco de doença periodontal são: a idade, o sexo (homens correm maior risco de periodontite avançada), predisposição genética, tabagismo, diabetes, obesidade e higiene bucal inadequada. Evidências científicas relacionam a manifestação mais severa das alterações periodontais em pacientes com doenças sistêmicas, bem como o risco de doença cardíaca aumenta em indivíduos que têm doenças periodontais.
Nesse contexto, faz-se importante ressaltar as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), definidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) 5 como de difícil controle de disseminação, constituindo-se em importante problema de saúde pública. Sua repercussão transpassa o estado físico do indivíduo, estendendo-se aos aspectos econômicos, sociais e psicológicos.
No que tange às manifestações orais ocasionadas pelas ISTs, destacam-se o herpes Simples, o Papilomavírus Humano (HPV), o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), a Sífilis e a Gonorreia como as principais ISTs que interferem diretamente na cavidade oral. Representam um problema de saúde importante em função de sua gravidade, impacto individual e comunitário. Entre suas consequências estão a dor, o desconforto, a incapacidade ou dificuldade de mastigação e/ou deglutição, fatores que impactam negativamente na vida do indivíduo, além de promover mudanças físicas e psicossociais e elevar o risco de câncer bucal 6 .
A principal recomendação para a prevenção das diversas doenças bucais que podem acometer os homens é a implementação de hábitos saudáveis, como uma alimentação saudável, prática regular de exercícios físicos e boa higiene bucal. Outra orientação é a atenção e o cuidado com os fatores de risco, como não fumar nem consumir bebidas alcoólicas em excesso. Por conseguinte, o cuidado com a saúde bucal pode ajudar a evitar doenças como cárie, gengivite, periodontite e, também, o câncer de boca. Além disso, faz-se importante o uso de preservativos durantes todas as relações sexuais, bem como visitas periódicas e, em caso de o paciente observar alguma alteração na cavidade oral, procurar um cirurgião-dentista.
O Departamento de Qualidade de Vida –DQV/PROGEPE/UFRPE vem investindo em ações de Promoção da Saúde com objetivo de orientar a comunidade da UFRPE para adoção de hábitos saudáveis, bem como apoia as campanhas de incentivo a prevenção das IST/HIV/AIDS. Em caso de dúvidas e/ou maiores esclarecimentos sobre o tema abordado, uma equipe qualificada dará retorno, por meio do seguinte endereço: ssb.progepe@ufrpe.br
Referências
1. Rosu MB, Oliffe JL, Kelly MT. Nurse practitioners and men’s primary health care. American journal of men's health,2017:11(5); 1501-1511.
2.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem: princípios e diretrizes. Brasília, 2008. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_atencao_sau... Acesso em: 12 nov. 2021.
3.Instituto Nacional de Câncer (INCA/MS). Estatística de câncer. Disponível em: https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer Acesso em: 12 de novembro de 2021.
4. Lindhe J. et al. Tratado de Periodontia clínica e implantodontia oral. 6. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. 1326 p. ISBN 9788527732901. Disponível em: https://www.perio.org/ Acesso em: 13 de novembro de 2021.
5.Word Health Organization. Guidelines for the Treatment of Chlamydia trachomatis; Genebra; Suiça. 2016. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/246165/9789241549714-en... Acesso em 13 de dezembro de 2021.
6. Candotto V, Lauritano D, Nardone M, Baggi L, Arcuri C, Gatto R. HPV infection in the oral cavity: epidemiology, clinical manifestations and relationship with oral cancer. Oral Implantol (Rome) 2017; 10:209–220.