O debate sobre a depressão e o suicídio ainda é um tabu no espaço universitário, sobretudo quando esses problemas decorrem, em certa medida, das adversidades vivenciadas por estudantes, professores e servidores na realização de suas atividades acadêmicas. O ensino superior é uma experiência marcada por trabalho árduo, situações de estresse, desgastes físicos e emocionais, realidade tem causado para muita gente um sofrimento psíquico quase sempre silenciado e raramente questionado. É um cenário que precisa e deve ser debatido, e para o qual devem ser empregados os recursos necessários para que seja amenizado ou mesmo superado com a urgência que o tema exige.
“Infelizmente temos percebido que para muitos de nossos alunos a experiência universitária tem sido de angústia e sofrimento. E nós não podemos fechar os olhos para essa situação, não podemos fazer de conta que essa realidade não existe. Temos que encará-la de frente e buscar estratégias concretas para a superação desse cenário. É uma responsabilidade de toda a Universidade”, afirmou a professora Maria do Socorro de Lima Oliveira, pró-reitora de Ensino de Graduação, preocupada com os relatos de muitos estudantes e com situações reais vivenciadas no cotidiano da UFRPE, inclusive com a perda trágica de alunos para o suicídio.
Decidida a somar esforços para enfrentar o problema, a Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (PREG) realizou, no dia 24/11, um primeiro evento a fim de envolver a comunidade universitária nesse desafio. A conferência “Depressão e Suicídio na Universidade: corpos e mentes fragmentados” trouxe à UFRPE especialistas sobre a temática, com o objetivo de trazer à luz o sofrimento psíquico dentro da academia e dar visibilidade a esse mal-estar silencioso, do qual estudantes e servidores são vítimas e do qual nem sempre tem a oportunidade de falar sobre o assunto.
Entre os encaminhamentos tomados, foi destacada a necessidade de criação de um protocolo institucional, que possibilite ações mais rápidas e efetivas na conscientização e prevenção do problema, e possibilite um atendimento eficaz das pessoas que acompanhamento especializado. Participaram da ação, além de estudantes e professores, profissionais de setores da UFRPE como o Departamento de Qualidade de Vida (DQV), Superintendência de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas (Sugep), Coordenadoria de Comunicação Social (CCS), entre outros.
A conferência foi ministrada pela socióloga, psicanalista e ativista Letícia Lanz, que abordou o tema da depressão; e pelo professor e pesquisador João Luís da Silva, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), especialista na temática do suicídio.
De acordo com o professor Natanael Duarte de Azevedo, organizador e mediador do encontro, a iniciativa buscou descortinar preconceitos ligados aos transtornos causados pela depressão. “Temos que superar os tabus e preconceitos sobre essa situação, dar visibilidade ao problema do sofrimento, da depressão, aprofundar essas questões dentro da universidade. É claro que a experiência universitária tem seus desafios e dificuldades, mas ela não pode se tornar algo que faz mal à saúde e à qualidade de vida das pessoas”, destacou o docente.
Confira abaixo algumas imagens do evento.