O Novembro Azul é o mês de combate ao câncer de próstata no Brasil e no mundo. O movimento teve origem em 2003, na Austrália, com o objetivo de chamar a atenção para a prevenção e o diagnóstico precoce das doenças que atingem a população masculina, com ênfase na prevenção do câncer de próstata.
A campanha de 2020 tem como tema “Cuidar da saúde também é coisa de homem”, busca estimular o público masculino a cuidar mais da própria saúde de forma ativa - autocuidado - e em uma perspectiva integral e dá ênfase a importância do compromisso dos governantes para priorizar políticas públicas voltadas à saúde do homem.
Em 2020, com a ocorrência mundial da pandemia do coronavírus, a saúde passou a ser o centro das discussões e preocupações. Em relação a saúde do homem, dados do Ministério da Saúde indicam que a Covid-19 é mais letal entre os homens pardos, com mais de 60 anos e que apresentam comorbidades (ocorrência de duas ou mais doenças relacionadas no mesmo paciente e ao mesmo tempo).
O Departamento de Qualidade de Vida (DQV/UFRPE), nesse momento atípico em que os profissionais se encontram em trabalho remoto, coloca à disposição um canal para tirar dúvidas em saúde e informar o que for preciso, através do e-mail promocaodesaudedqv@ufrpe.br. Por meio desse, é possível ter acesso a uma equipe multiprofissional e receber orientações. Não é uma consulta remota – sendo impossível, neste momento, adaptar esse tipo de serviço – mas representa um caminho para dirimir dúvidas e/ou um encaminhamento de serviço médico para uma melhor avaliação.
Neste contexto, nosso compromisso vem sendo desenvolver uma programação de atividades virtuais, com realização de uma agenda mensal de produção de vídeos com palestras, lives e outros conteúdos educativos, visando a manter a comunidade da UFRPE informada, com subsídios para prevenção e promoção da saúde. Confiram a programação da agenda Novembro Azul no portal e nos perfis da UFRPE nas mídias sociais.
CONTEXTO
O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre os brasileiros, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). A estimativa é que surjam 65 mil novos casos para cada ano do triênio 2020-2022. Cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. No entanto, homens com mais de 55 anos, com excesso de peso e obesidade, estão mais propensos à doença.
Outro ponto em relação à saúde do homem refere-se ao câncer de pênis que, em alguns casos, envolve a amputação do membro masculino. Estimativa do INCA é de que ocorram 1.130 novos casos da doença neste ano. Os principais fatores de risco são higiene íntima inadequada e infecção por HIV. Como parte do Novembro Azul, o Ministério da Saúde instituiu um projeto-piloto com ações de promoção à saúde do homem e prevenção do câncer de pênis no âmbito da Atenção Primária à Saúde.
Os cuidados também devem ser reforçados em relação ao câncer de boca, quinto tipo mais incidente na população masculina. O tabagismo, consumo excessivo de álcool, exposição solar sem proteção, infecção pelo vírus HPV e imunossupressão estão entre os fatores de risco, principalmente para homens com mais de 40 anos (INCA, 2020).
O diagnóstico do câncer de próstata é confirmado com uma biópsia, porém, é preciso antes realizar o toque retal, que permite avaliar alterações da glândula, como endurecimento e presença de nódulos suspeitos. O PSA é um exame complementar, auxiliando na investigação da doença. Alguns sintomas podem servir de alerta, como dificuldade para iniciar a micção, maior frequência urinária, pouco fluxo urinário, sensação de esvaziamento incompleto, além de sangue na urina. Estar em dia com os exames é essencial, mas investir em práticas saudáveis, como alimentação balanceada, praticar atividades físicas, não exagerar no consumo de bebida alcoólica e não fumar, são medidas preventivas que ajudam a diminuir o risco do câncer, que quando diagnosticado precocemente as chances de cura são de 90% (INCA, 2020).
Masculinidade tóxica
Os agravos do sexo masculino se constituem em grandes problemas de saúde pública. Fatores socioculturais apontam que este público ainda é reticente à procura pelo serviço de saúde, e por isso nosso alerta para que o homem assuma o hábito do autocuidado.
O relatório da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS, 2019) destaca que, um em cada cinco homens da região das américas morre antes dos 50 anos – muitas dessas mortes estão diretamente relacionadas a uma “masculinidade tóxica”. A ideia sociocultural enraizada de que a masculinidade e virilidade trazem super poderes ao homens, os fazem negligenciar da própria saúde. Muitas vezes por receios de serem taxados como fracos ou "sensíveis demais". Além disso, a falsa ideia cultura de "quem procura, acha" fazem que a negação do adoecer seja muito maior entre os homens do que as mulheres. O que aponta para um outro quadro estatístico em saúde. Os homens são responsáveis pela maioria de atendimentos de urgência e emergência taxados como graves. Muitas vezes são essas as primeiras portas para o atendimento dessa população.
Política Nacional
Instituída em 2009, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem foi formulada para promover ações de saúde que contribuam significativamente para a compreensão da realidade singular masculina nos seus diversos contextos socioculturais e político-econômicos. A normativa é dividida em eixos prioritários, que englobam o acesso e o acolhimento na rede pública de saúde, planejamento familiar, incentivo ao acompanhamento da paternidade desde a gestação, prevenção de violências e acidentes e o cuidado em relação às doenças prevalentes na população masculina.
O estresse, o trabalho e as obrigações do dia a dia são gatilhos para inúmeras doenças. Sendo assim, esses itens não devem servir como desculpa para não procurar ajuda especializada. O homem tem a tendência de achar que é imbatível, que não precisa de cuidados, mas esse pensamento distorcido pode levá-lo a descobrir uma grave doença, já em estado avançado. Assim, as palavras-chaves para sua saúde, devem ser: prevenção, diagnóstico precoce e educação.
Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem: princípios e diretrizes. Brasília, DF, 2009b. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_atencao_homem.pdf. Acesso em: 15 marco de 2015.
Fundação Osvaldo Cruz (FIOCRUZ). Canal Saúde. Boletim Corona. A população negra e Covid-19.FIOCRUZ, 2020. Disponível em: https://www.canalsaude.fiocruz.br/canal/videoAberto/populacao-negra-e-covid-19-bcv-0033
Acesso em: 11 de Novembro de 2020.
Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Magnitude do câncer no Brasil: incidência, mortalidade e tendências. Ministério da Saúde (MS), 2020. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/informativos/informativo-vigilancia-do-cancer. Acesso em: 30 de 0utubro de 2020.
Organização Pan Americana de Saúde (OPAS)/Organização Mundial de Saúde (OMS): masculinidade tóxica influencia saúde e expectativa de vida dos homens nas Américas. OPAS/OMS, 2019. Disponível em: https://nacoesunidas.org/oms-masculinidade-toxica-influencia-saude-e-expectativa-de-vida-dos-homens-nas-americas/. Acesso em: 10 de novembro de 2020.
Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Novembro Azul alerta para diagnóstico e tratamento do câncer durante a pandemia. SBU, 2020. Disponível em: https://portaldaurologia.org.br/publico/novembroazul/. Acesso em: 03 de Novembro de 2020.
Texto elaborado por: Marina Mendes (Odontóloga, SIAPE. 3849390 - Coordenadora de Atenção à Saúde/DQV-UFRPE) e Luana Amaral (Psicóloga, SIAPE 1676222, Coordenadora de Saúde do Servidor/DQV-UFRPE)