Uma grande onda de apoio à educação e à universidade pública acontece nesta quinta-feira (20/05) em diversas partes do País. Em Pernambuco, estudantes, docentes e técnico(a)s-administrativo(a)s participam do novo Tsunami da Educação, desta vez de maneira virtual, com ações presenciais pontuais. Na UFRPE, às 10h, representantes de entidades sindicais e movimento estudantil realizam ato simbólico contra os cortes orçamentários das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) e em luto pelas vítimas da Covid-19.
A ideia é chamar a atenção da sociedade para a trágica situação das universidades e institutos federais públicos, que sofreram corte orçamentário na média de 20% a partir da Lei Orçamentária Anual (LOA), além de bloqueio de 13,8%. A medida pode impedir o funcionamento das instituições até o final do ano. Balões e faixas pretas serão afixados no campus, representando o luto pelas vítimas do desmonte da educação e da Covid-19. A proposta dos movimentos é que a população apoie a causa, colocando balões ou panos pretos em suas janelas e varandas, ao longo desta quinta.
Às 14h, o reitor da UFRPE, Marcelo Carneiro Leão, e a pró-reitora de Ensino de Graduação, Socorro Lima, participam de Reunião Pública promovida pela vereadora Dani Portela, a partir da Comissão de Educação da Câmara dos Vereadores do Recife, a ser transmitida pela TV Web da casa no YouTube, pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=XNe81Alf80s
A partir das 16h30, a Reitoria e diversos entes da comunidade universitária se reúnem numa Assembleia Comunitária contra os Cortes e a Reforma Administrativa, realizada no canal da Associação dos Docentes da UFRPE (Aduferpe) no YouTube ((www.youtube.com/ascomaduferpe), com a participação de membros da entidade, além do Sindicato dos Técnicos da UFRPE (Sintufepe) e da União Nacional dos Estudantes (UNE), movimento Eu Defendo a UFRPE, entre outros. Na ocasião, haverá o lançamento oficial da campanha Universidade Pública Importa, Educação Transforma.
O movimento estudantil anuncia ainda a participação no Tsunami da Educação, programado para as 15h em frente à Faculdade de Direito do Recife.
Nacionalmente, também está programado, já nesta quarta (19/05), tuitaço, às 11h e também às 17h, com o tema A educação precisa resistir - #aeducaçãoprecisaresistir, em defesa da educação pública no Brasil.
CORTES
A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), a exemplo de outras instituições federais de ensino superior e técnico do País, pode parar de funcionar até o último trimestre de 2021. Devido ao corte orçamentário de 21% a partir da Lei Orçamentária Anual (LOA), realizado pelo Governo Federal, há bloqueio de 13,8%, a partir de decreto do dia 22 de abril. Essas severas restrições deixam a Instituição sem praticamente um real para investimentos, ou seja, compra de equipamentos básicos ou reformas e obras. As medidas que inviabilizam custeio e manutenção das instituições, impactam diretamente na assistência a estudantes que precisam de apoio financeiro básico – como transporte ou alimentação – para concluírem seus cursos, além daqueles que desenvolvem projetos de iniciação científica.
Serviços de extensão, que são ofertados diretamente à população também serão diretamente afetados, a exemplo do atendimento a animais da Região Metropolitana do Recife, por meio do Hospital Veterinário Escola, no Campus Dois Irmãos, e a assistência a produtores rurais no interior do Estado.
A demissão de pessoas de empresas terceirizadas, que realizam serviços como limpeza, tratamento e alimentação de animais, entre outras funções, será uma das questões impostas pelos cortes, uma vez que o orçamento das universidades já vem sendo comprometido desde 2019, de maneira cada vez mais forte. Na UFRPE, em todos os campi, são mais de 600 funcionários dessa categoria, que desenvolvem trabalho indispensável no desenvolvimento das atividades acadêmicas e administrativas.
Pesquisas de grande relevância para a sociedade também podem ser interrompidas parcial ou totalmente, uma vez que seu desenvolvimento necessita de investimentos no que se refere a equipamentos, insumos, materiais e reparos/reformas nas instalações.
Os recursos reduzidos, este ano, seriam utilizados, entre outras finalidades, para a conclusão da Unidade Acadêmica do Cabo de Santo Agostinho e iniciar as obras da Unidade Acadêmica de Belo Jardim, ambas atualmente funcionando em prédios alugados, para abrigar os estudantes dos cursos de engenharia.
Os valores repassados à Universidade são praticamente equivalentes aos de 10 anos atrás, quando o número de estudantes e de cursos era menor, sem levar em consideração sequer correções inflacionárias e ampliações de estruturas.
De acordo com o reitor da UFRPE, caso não haja recomposição orçamentária, a Universidade pode ter seu funcionamento suspenso antes do final do ano. “Estamos trabalhando, ao máximo, para minimizar os impactos, contudo precisamos do apoio da sociedade para que as medidas sejam revistas, pois são as universidades e institutos os responsáveis por mais de 90% da produção de ciência e tecnologia do País”, afirma.
UFRPE
A UFRPE possui 108 anos de tradição em ensino, extensão e pesquisa no Estado e no país. Sua história secular é marcada, ao mesmo tempo, pela capacidade de inovação ao buscar contribuir com a superação dos problemas socioambientais e o desenvolvimento sustentável em projetos e pesquisas que envolvem as ciências tecnológicas, agrárias, humanas, sociais e exatas. Cada vez mais voltada à inovação e às demandas contemporâneas da sociedade, a UFRPE mantém as raízes na terra, com os galhos apontados para o futuro.
Inaugurada com os cursos de Medicina Veterinária e Agronomia, o novo perfil da Instituição abrange 55 cursos de graduação, incluindo Administração, Economia, Educação Física, Gastronomia, Sistemas de Informação, Ciência da Computação e diversas Engenharias, no campus do Recife e nas Unidades Acadêmicas de Belo Jardim (UABJ), de Serra Talhada (UAST) e do Cabo de Santo Agostinho (UACSA), além de Educação a Distância e Tecnologia (UAEADTec). Além de bacharelados, licenciaturas e tecnológicos, possui cursos técnicos e Ensino Médio no Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas (Codai UFRPE).
Composta por mais de 1200 professores, mais de mil técnicos e cerca de 17 mil estudantes, a UFRPE possui ainda estações avançadas de pesquisa, ou seja, campi situados no Litoral, na Zona da Mata, no Agreste e no Sertão de Pernambuco. São elas: Estação Ecológica do Tapacurá, em São Lourenço da Mata; Estação Experimental de Cana-de-Açúcar (EECAC) e Estação Experimental de Pequenos Animais (EEPAC), em Carpina; Clínica de Bovinos de Garanhuns (CBG); Estação de Agricultura Irrigada (EAII), em Ibimirim; e Estação de Agricultura Irrigada (EAIP), em Parnamirim.
São cerca de 4 mil vagas nos cursos de graduação disponibilizadas anualmente. A seleção é feita por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), mas o estudante também pode ingressar como portador de diploma e outros procedimentos.
Na pós-graduação, destaca-se na produção de pesquisa com 58 mestrados e doutorados. Por meio dos programas internos e de parcerias com órgãos de fomento à produção científica e instituições locais e internacionais, as pesquisas realizadas pela UFRPE contemplam diversas áreas do conhecimento, desde as ciências da terra e meio ambiente até estudos ligados a educação, saúde, computação, tecnologias e ciências humanas. Por meio de programas de incentivo e apoio, a UFRPE também busca contribuir para a formação e inserção de estudantes em atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico, empreendedorismo e inovação, envolvendo a promoção da cultura de inovação e transferência de tecnologia e a proteção e licenciamento do produto de pesquisa.
A UFRPE dialoga com os diversos segmentos da sociedade, oferecendo serviços, cursos de gestão e capacitação, assistência técnica, parcerias político-pedagógicas, entre outras iniciativas voltadas à superação das desigualdades sociais e à preservação do meio ambiente. Entre os programas de extensão, estão a premiada Escola de Conselhos, que oferece formação para conselheiros tutelares; a Escola de Música, para crianças das comunidades vizinhas; o Programa de Atenção Integral à Saúde dos Idosos, entre outros. Também se destacam projetos de popularização da ciência através da astronomia/física, de educação nutricional, natação e cidadania para crianças.