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Estudos da UFRPE em saúde única referenciados pelo Ministério da Saúde

Cartaz saúde única

Por Paulo Pinheiro

Sabia que a UFRPE também se destaca na área de Saúde Única? Este ano, uma pesquisadora da Universidade teve dois trabalhos aprovados pelo edital de mapeamento de experiências exitosas em Hanseníase do Ministério da Saúde (MS). Mônica Sousa De Menezes, egressa do mestrado em Saúde Única da UFRPE, desenvolveu, durante seu mestrado, os trabalhos vencedores, que buscam mapear as unidades com baixo diagnóstico de novos pacientes com hanseníase, implementando projetos de intervenção em postos de atendimento. O estudo permite, dessa forma, o fortalecimento do controle da doença no Distrito Sanitário VII (DSVII).

A hanseníase é uma doença crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Entre os principais sintomas, estão a: diminuição ou perda da sensibilidade térmica, dolorosa, tátil e força muscular, principalmente na região das mãos, braços, pés, pernas e olhos, podendo causar sequelas permanentes.

Por meio do estudo: Estratégia para aumento da detecção de casos novos de Hanseníase no território do Distrito Sanitário VII no Recife: aplicação de um Plano de Intervenção, selecionado pelo edital, foram analisados dados de novos casos da doença e a computação dos diagnósticos no Sistema de Agravos de Notificação (SINAN), entre 2014 e 2018. Quatro polos foram diagnosticados com baixa detecção de novos casos, classificados como silenciosos, ou seja, que não evidenciam a real quantidade de casos da doença existentes  na região. 

“O Mestrado em Saúde Única da UFRPE é um mestrado profissional, em que é realizado um plano de intervenção no serviço onde o aluno trabalha, e o Recife é classificado pelos parâmetros do Ministério da Saúde como uma região hiperendêmica para a hanseníase, sendo o distrito sanitário um território favorável para a disseminação da doença”, explicitou Mônica Sousa.

O plano de intervenção criado por Sousa propôs a formação: Integração, atenção básica e vigilância em saúde na detecção precoce de casos novos de Hanseníase, voltada aos profissionais da saúde do DSVII, que contempla bairros da zona noroeste e sudoeste do Recife. O curso foi realizado na Escola Técnica Estadual Dom Bosco e na Upinha Moacyr André Gomes.

Foram capacitados 58 profissionais de saúde sobre o Manejo Clínico, diagnóstico da Hanseníase e diagnóstico diferencial, destes, 38 (65,52%) Agente Comunitários de Saúde, 8 (13,79%) Agente de Saúde e Combate a Endemias, 6 (10,34%), Enfermeiros, 5 (8,62%) Médicos, 1 (1,73%) Odontólogos das Unidades de Saúde da Família (USF).

gráfico com os dados

O trabalho diagnosticou diversos agravantes, como, por exemplo, a falta de água potável, conhecimento sobre a doença, em decorrência da baixa escolaridade e renda do(a)s moradore(a)s. Segundo a pesquisa, a hanseníase é uma doença que inicialmente pode não causar incômodos, retardando a procura por atendimento médico, favorecendo um diagnóstico tardio e com sequelas irreversíveis.

De acordo com a pesquisadora, a hanseníase é uma doença tropical, considerada negligenciada pela Organização Mundial da Saúde e também faz parte da temática da Saúde Única. “Observando esse cenário e com todas essas justificativas, nasceu a ideia de fazer esse trabalho e uma plano de intervenção nesse território”, ressaltou.

  A pesquisa destaca a necessidade da capacitação contínua sobre a hanseníase, para os profissionais da saúde, revelando também a importância desta medida para o controle da doença no território da DSVII. “A integração sem manutenção e melhoria da supervisão e do monitoramento dos indicadores das US podem prejudicar o controle da Hanseníase nesse território”, de acordo com trecho da conclusão do trabalho final de Mónica.

O Mestrado Profissional em Saúde Única da UFRPE tem como objetivo geral preparar os profissionais de saúde, agricultura e ambiente para atuação nos serviços de saúde de forma inovadora ao atendimento às exigências do mercado profissional e da sociedade, e como objetivos específicos para atuação na área.

A Saúde Única representa uma visão integrada da saúde, considerada única e composta por três áreas indissociáveis: humana, animal e ambiental. A interligação das três áreas da saúde é reconhecida por organizações internacionais como a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). O conceito propõe a atuação conjunta da Medicina Veterinária, da Medicina e de outros profissionais da saúde em uma integração que pode contribuir para o desenvolvimento de pesquisas, aumentar o conhecimento científico disponível e melhorar a educação médica e o cuidado clínico. 

Como resultado, aumenta-se a efetividade e a eficiência das ações em saúde pública com redução dos riscos para a saúde global. As interações ecológicas entre humanos e animais acontecem em diversos ambientes e de diferentes maneiras, as quais podem ser responsáveis pela transmissão de patógenos entre homens e animais, visto que aproximadamente 60% das doenças humanas são zoonóticas.

Oportunidade

O edital de Mapeamento de Experiências Exitosas em Hanseníase, publicado em maio de 2022, pelo Ministério da Saúde (MS), por meio da Coordenação Geral de Vigilância das Doenças em Eliminação, do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde (CGDE/DCCI/SVS), buscou cartografar os projetos bem sucedidos do ministério no combate à hanseníase.

A iniciativa contemplou experimentos de 10 estados brasileiros, classificados como média, baixa endemia e alto número de casos (hiperendêmicos), as análises dos projetos foram realizadas pelo comitê ADHOC, composto por profissionais especializados(a) na hanseníase.

“Quando o resultado saiu, foi uma grande surpresa, pois os meus dois trabalhos do mestrado foram escolhidos entre os 10 melhores do Brasil. Foi um misto de vários sentimentos, alegria em receber o reconhecimento do Ministério da Saúde, a felicidade de saber que nosso trabalho árduo foi contemplado. Sinto que estou no caminho certo, para um dia chegarmos ao patamar de um Brasil livre da Hanseníase”, conta Mônica Sousa.

Trajetória

monica sousa

Mônica Sousa é mestre em Saúde Única pela UFRPE, pós-graduada em Saúde Pública com ênfase em Saúde da Família (Uninter) e Bacharel em Fisioterapia (Uninassau), é coordenadora do Distrito de Hanseníase no Distrito Sanitário VII, por meio da Secretaria de Saúde do Recife. 

“A escolha do Mestrado na UFRPE foi pela importância de trabalhar com uma doença negligenciada, levando em consideração a perspectiva da Saúde Única que analisa a situação em volta das doenças. 

A ex-discente é atuante no sistema único de saúde (SUS), nas tratativas dos temas: Saúde Pública, Núcleo de Apoio à Saúde da Família, Doenças Negligenciadas, Doenças Tropicais, Hanseníase e Tuberculose. Sousa também se relaciona com outros debates em torno da saúde pública, com projetos e parcerias universitárias.

Conheça o Mestrado em Saúde Pública no link: http://www.pmpsu.ufrpe.br/