O Conselho Universitário da Universidade Federal Rural de Pernambuco homologou a Resolução 228/2015, do Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (Cepe), que concede o Título de DoutorHonoris Causa ao músico Naná Vasconcelos. A cerimônia de entrega será no próximo dia 9 de dezembro, às 15h, no Salão Nobre da UFRPE. O processo de solicitação do título foi iniciativa do Núcleo de Estudos Afro Brasileiros (Neab/UFRPE).
De acordo com a equipe do Neab, será bastante enriquecedor para o panteão de doutores Honoris Causa da UFRPE, e principalmente uma justa homenagem ao internacionalmente reconhecido artista pernambucano.
Juvenal de Holanda Vasconcelos - Naná Vasconcelos – nasceu no Recife em 1944. Mesmo depois de duas décadas tocando pelo mundo, morou em Paris e Nova York; as influências de sua terra estão presentes em tudo o que faz. Dotado de uma curiosidade intensa, indo da música erudita do brasileiro Villa-Lobos ao roqueiro Jimi Hendrix, Naná aprendeu a tocar praticamente todos os instrumentos de percussão, embora, nos anos 60, tenha se especializado no berimbau.
Depois das mais variadas experiências musicais, mudou-se para o Rio de Janeiro e começou a trabalhar com Milton Nascimento. Em 1970, o saxofonista argentino Gato Barbieri o convidou para juntar-se ao seu grupo. Apresentaram-se em Nova York e na Europa, com destaque para o festival de Montreaux, na Suíça, onde o percussionista encantou público e crítica. Ao término da turnê, fixou residência em Paris, França, durante cinco anos, onde gravou o seu primeiro ábum - Africadeus (71). No Brasil, Naná gravou o seu segudo disco Amazonas (72). Começou, então, uma bem-sucedida parceria com o pianista e compositor Egberto Gismonti, durante oito anos, que resultou em três álbuns: Dança das Cabeças, Sol do Meio-Dia e Duas Vozes.
De volta a Nova York, formou o grupo Codona, com Don Cherry e Colin Walcott, também gravando e fazendo turnê com a banda do guitarrista Pat Metheny. Trabalhando com artistas das mais variadas tendências, Naná Vasconcelos gravou com B.B. King, com o violinista francês Jean-Luc Ponty e com o grupo de rock americano Talking Heads, liderado por David Byrne. Nessa altura, Naná já havia trabalhado nas trilhas dos filmes Procura-se Susan Desesperadamente, de Susan Seidelman, estrelado por Rosanna Arquette e Madonna, e Down By Law, do cultuado diretor Jim Jarmusch, além de Amazonas, de Mika Kaurismäki.
O trabalho de Naná sempre demonstrou a amplitude do seu talento, e, nos anos 80, gravou o disco Saudades, concerto de berimbau e orquestra. Depois, vieram os álbuns Bush Dance e Rain Dance, suas experiências com instrumentos eletrônicos. Daí por diante, Naná esteve envolvido mais diretamente com o cenário musical brasileiro ao fazer a direção artística do festival Panorama Percussivo Mundial (Percpan), em Salvador, e do projeto ABC Musical, além de participações especiais em álbuns de Milton Nascimento, Caetano Veloso, Marisa Monte e Mundo Livre S/A, entre outros.
Em meio a inúmeros lançamentos fora do país, Naná Vasconcelos lançou no Brasil o disco Contando Estórias (94), depois os CDs Contaminação eMinha Lôa. No fim de 2005, lançou Chegada, pela gravadora Azul Music, e em 2006, o CD intitulado Trilhas. No final de 2010, Naná lança seu mais recente trabalho autoral, o CD Sinfonia e Batuques, misturando percussão e cordas, experimentando células ritmicas feitas na água, entre outra invenções. O disco foi agraciado com um Grammy Latino, na categoria Álbum de Música Regional, em novembro de 2011.
Com raízes pernambucanas, Naná idealizou o projeto ABC das Artes Flor do Mangue, trabalho com crianças carentes.
O espetáculo de abertura do carnaval do Recife, enquanto ritual que oficializa o início das festividades carnavalescas, também é marca de sua história. A abertura conta anualmente com grandes estrelas da música nacional e internacional, Maria Bethânia, Elza Soares, Marisa Monte, Lia de Itamaracá, Caetano Veloso, Milton Nascimento, o grupo norte-americano Stomp e, mais recentemente, a cantora africana Angelique Kidjo, em 2012 e a cantora portuguesa Carminho, em 2013.
Uma trajetória de vida que esbanja virtuosismo musical e integridade pessoal em tudo o que faz e toca.