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Pesquisadora descobre superbactéria que atinge tilápias no Brasil

pesquisadora em laboratórioA pesquisadora Daiane Vaneci da Silva, graduada em Engenharia de Pesca pela UFRPE, descobriu superbactéria que atinge tilápias no Brasil. Destaque da Capes neste mês, ela chegou aos importantes resultados durante sua pesquisa de mestrado na Unesp.

A presença da bactéria Klebsiella pneumoniae (K. pneumoniae) em tilápias-do-Nilo foi descoberta com preocupação pela pesquisadora, uma vez que ela causa doenças tipicamente humanas, muito associada a infecções hospitalares, urinárias, septicemia e pneumonias. De acordo com Daiane, a bactéria é difícil de tratar por possui diversos fatores de virulência e grande resistência a antibióticos.

Segundo a pesquisadora, estudos nessa área são muito relevantes pela importância da aquicultura no Brasil, que gerou, em 2021, uma receita de R$ 4,7 bilhões, sendo a tilápia-do-Nilo responsável por mais de 60% da produção nacional de peixes. "Portanto, qualquer desequilíbrio no processo de produção, incluindo infecções bacterianas nos peixes causa grande preocupação tanto por questões econômicas quanto de saúde pública", afirmou a pesquisadora em entrevista à Capes. 

O estudo destacado foi pioneiro em descrever a bactéria K. pneumoniae causando infecções em peixes, no Brasil, ao evidenciar que esse patógeno vem acometendo organismos aquáticos em diversos países. 

A possível causa da infecção de peixes pela bactéria está relacionada ao fato de ser encontrada em diferentes ambientes e fazer parte da microbiota do solo e de corpúsculos na água, conforme indica a pesquisadora. No Brasil, como a maior parte da produção de tilápia é realizada em tanques-rede de pequeno, médio e grande volume, localizados em represas, rios e braços de rios, o despejo ilegal de efluentes – tanto doméstico quanto industrial – nesses ambientes é comum, o que possivelmente está causando a contaminação dos peixes de produção, que se encontram mais estressados e imunossuprimidos.

Para a engenheira de Pesca, o ideal é que, a partir dessa descoberta preocupante, os aquicultores e piscicultores procurem um laboratório de diagnósticos para que sejam realizadas análises adequadas para uma identificação de patógeno e tratamento correto.  "Quando uma doença aparece, alguns produtores de peixes com um menor nível de informação, ofertam antimicrobianos sem ao mesmo identificar qual patógeno está comprometendo a saúde dos animais. Essa estratégia é arriscada porque os antimicrobianos podem não ser efetivos para as bactérias, especialmente quando não são comumente encontradas na piscicultura. Isso é mais preocupante ainda porque se pode estar criando cada vez mais bactérias resistentes aos antimicrobianos, agravando ainda mais a situação", ressalta.

Atualmente, Daiane Vaneci faz doutorado no Laboratório de Microbiologia e Parasitologia de Organismos Aquáticos do Centro de Aquicultura da Unesp, onde aprofunda a pesquisa com a K. Pneumoniae, avaliando a resistência da bactéria frente a mais de 40 antimicrobianos. Também estuda genes de virulência e resistência. 

"Sou muito feliz e grata a UFRPE, pela minha formação! E principalmente por todo apoio que tive enquanto fui aluna", enfatiza Daiane. 
 

Com informações da Redação CGCOM/CAPES