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Pesquisadores da UFRPE descobrem uma nova doença de bovinos

Uma doença intrigante, popularmente conhecida como “creca” vem chamando a atenção de criadores de gado na região de Atalaia, Zona da Mata do Estado de Alagoas. Nas fazendas, os bovinos são conhecidos como “crequelados”, tendo em vista a severidade das lesões de pele que são observadas. “Os animais perdem peso, a pele fica muito grossa, fétida, rachada e os bovinos com a forma grave da doença morrem em menos de 30 dias”, explicou Fernanda Barbosa, médica veterinária que acabou de concluir o doutorado em Biociência Animal na UFRPE e que descreveu a nova doença em sua tese.

“A doença vinha ocorrendo há vários anos, sem diagnóstico definitivo, pois estava sendo confundida com outras doenças de pele”, explicou Fernanda. “O que chama atenção nessa doença, fora o prejuízo econômico que provoca aos pecuaristas, é que a dermatite que ocorre cursa com hiperpigmentação e liquenificação e por isso, a pele fica escura e rachada”, explicou o Prof. Fábio Mendonça, coordenador do Laboratório de Diagnóstico Animal e responsável pelo diagnóstico da enfermidade. 

“Alguns bovinos também apresentam edema (inchaço) de peito, barbela e membros. Por isso, batizamos a doença como dermatopatia com aspecto de pele de elefante, pois a pele dos bovinos fica muito semelhante à de um elefante”, completou ele. 

“Após descartamos várias doenças, descobrimos que uma planta tóxica, chamada Tephrosia noctiflora, estava causando o problema, pois vinha sendo consumida pelo gado junto com a pastagem”, “Também contamos com a ajuda da Profa. Maria Teresa Buril, botânica do Departamento de Biologia da UFRPE, que identificou a planta”. “Foi como achar uma agulha num palheiro”, explicou o professor.

O estudo foi recentemente publicado na renomada revista internacional, Toxicon, revista oficial da Sociedade Americana de Toxinologia. “Foi um longo caminho até provarmos que “a creca” era uma dermatite provocada por uma planta tóxica. Agora iremos tentar descobrir se essa doença também acontece em outros estados do Nordeste”, explicou Fernanda.

 

 

 

 

 

 

 

 Na figura, à esquerda, o Prof. Fábio Mendonça, e os doutorandos Givaldo Silva Filho (ao centro) e Fernanda Barbosa (à esquerda) durante as atividades de campo em uma fazenda onde a doença foi descoberta.