Uma equipe de cientistas da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em conjunto com o instituto de pesquisa francês Institut de Recherche pour le Développement (IRD), realizou um estudo pioneiro no oceano profundo ao longo da região Nordeste do Brasil, entre 200 e 1100 metros de profundidade. O estudo é baseado em duas campanhas oceanográficas realizadas a bordo do navio oceanográfico francês Antea, entre os anos de 2015 e 2017, como parte do projeto Abracos e grupo de pesquisa Tapioca (https://tapioca.ird.fr/).
No estudo recém-publicado, os pesquisadores relatam uma incrível diversidade de peixes, incluindo novas espécies e organismos nunca encontrados em águas brasileiras. Ao menos 200 espécies foram registradas, incluindo uma surpreendente diversidade de tamanhos, formas, e características peculiares de organismos que vivem em zonas profundas como, por exemplo, a bioluminescência. Muitas dessas espécies têm aparência “alienígena” e são fundamentais para processos ecossistêmicos que aumentam o sequestro de carbono e auxiliam na regulação climática do planeta. O estudo aumenta o conhecimento sobre um dos maiores e mais desconhecidos ecossistemas do mundo, concretizando-se como importante avanço no estudo da biodiversidade brasileira.
Para o pesquisador da UFRPE Leandro Nole, espera-se que as informações publicadas ajudem no entendimento do funcionamento e evolução dos ecossistemas marinhos, e que promova iniciativas de conservação.
Os peixes mesopelágicos estão entre os vertebrados mais abundantes na biosfera. Têm frequentemente um distribuição global, comportamento migratório vertical, e vários adaptações para superar os desafios impostos pelo mar profundo. Algumas dessas adaptações incluem baixo metabolismo, elevada tolerância às alterações ambientais e complexo sistemas visuais e de bioluminescência.
Consequentemente, a zona mesopelágica detém uma das mais diversas comunidades de peixes do oceano, contribuindo para várias processos do ecossistema.