Samyr Pessoa da Silva. Esse foi o nome escolhido por 71% dos estudantes da UFRPE para batizar a residência estudantil conhecida como Casa 2, cuja reforma está sendo concluída para breve ocupação. Mas você sabe quem foi Samyr? Se não sabe, infelizmente não teve a oportunidade de conhecer uma das melhores pessoas que já passaram pela Instituição e por este mundo. Estudante do curso de Licenciatura em Química, ele faleceu no dia 12 de maio, vítima da Covid-19, causando grande comoção na comunidade universitária.
Parte desse lamento coletivo foi expresso pela notável capacidade de Samyr de conquistar, pela inteligência, carisma, amorosidade e dedicação. Dedicação à família, aos amigos e amigas, aos estudos, à Universidade e principalmente a crianças e jovens que participavam das inúmeras atividades do projeto de extensão de Astronomia da UFRPE Desvendando o Céu Austral.
“Samyr é o Sol do Desvendando”, sempre brincavam os colegas do projeto, não só pela presença marcante e cheia de luz própria, mas também porque foi inspirada no astro a fantasia escolhida por ele para atuar nas atividades teatrais do projeto. O estudante de Licenciatura em Física João Pedro, companheiro no projeto de Astronomia, lembra da inteligência e da capacidade de Samyr de realizar múltiplas tarefas e se envolver nas mais diversas instâncias. “Não tinha tempo ruim; ele sempre estava disposto a ajudar todo mundo. Sei que trabalhou como segurança, em empresas de carga, foi militar, abriu rodovias, tinha também cursos de Administração e Contabilidade”, enumera.
Na UFRPE, o estudante ainda participou de programas como Residência Pedagógica, Programa de Iniciação à Docência (Pibid) e outras atividades. Um dos destaques de sua atuação foi a fala que realizou na Assembleia Legislativa de Pernambuco, em 2017, em defesa do Pibid. Observador crítico e atento às necessidades do País, defendeu, de forma emocionante, a profissão que não chegou a concluir com diploma: a de professor.
Romário Midon, também parceiro no Desvendando, destaca sua sabedoria e simplicidade, que o tornavam a maior alegria, dentro e fora do projeto. “Quando as atividades presenciais forem retomadas, vai ser difícil e estranho não vê-lo falando sobre as coisas que ele gostava, fazendo observações ou até mesmo chateado com mais uma prova de cálculo. Às vezes parece que é mentira, que nada aconteceu e que, assim que essa pandemia cessar, iremos encontrá-lo para conversar numa mesinha, comendo batatinha e tomando um suco após uma noite de observação na Torre Malakoff, como da última vez que nos vimos”, completa.
A votação para a escolha do nome da residência estudantil contou com a participação de mais de 1144 estudantes. Segundo o pró-reitor de Gestão Estudantil e Inclusão, Severino Mendes Júnior, a ampla participação e escolha de um estudante referência para o local foi de extrema importância.
A casa, que será inaugurada em breve, será destinada inicialmente a meninas instaladas em outra residência, próxima ao Cegoe, enquanto essa passará por reforma. Futuramente, funcionará 50% como residência estudantil e a outra metade para mobilidade acadêmica, para alunos que vêm passar curtos períodos, de outras unidades e instituições nacionais e estrangeiras, sobretudo aqueles com recorte social.
O reitor, Marcelo Carneiro Leão, expressa a alegria não só de entregar de volta à comunidade a história residência estudantil reformada e requalificada, como de poder nominá-la de Samyr Pessoa da Silva. “Samyr foi um amigo, aluno, pesquisador, militante da mais alta magnitude. Querido Samyr, queríamos você aqui conosco, mas onde você estiver, sinta o carinho e respeito de toda a comunidade UFRPE, através dessa residência que leva seu nome".