O arquipélago de Fernando de Noronha é famoso por sua biodiversidade marinha e sede de diversos estudos científicos, com foco no comportamento dos animais aquáticos da região. Localizada a 350 km do litoral pernambucano, o arquipélago ainda não havia sido investigado em relação à geografia dos peixes, mas graças ao Laboratório Misto Internacional (LMI) Tapioca (IRD, UFRPE, UFPE), essa pesquisa foi realizada. Através de recursos tecnológicos, métodos acústicos e vídeos submarinos, foi possível estudar todo o espaço.
“Esta combinação de métodos é conhecida, mas ainda não tinha sido aplicada em um ambiente marinho tropical. […] Comparado com outros métodos, notadamente a amostragem de indivíduos, essa ferramenta é muito pouco invasiva”, explica Arnaud Bertrand (co-autor do artigo).
A descoberta é centrada no comportamento dos peixes, observou-se uma distribuição assimétrica desses animais ao redor do arquipélago de Noronha, parte do barlavento da região tinha mais peixes do que a parte sotavento. Para os(a) pesquisadores(a), essa descoberta é extremamente relevante por levar em conta o Island Mass Effect (IME), que refere-se aos efeitos da turbulência topográfica da ilha: essa inclinação interfere no fluxo marinho, aumentando a profundidade e a qualidade da água, deixando ela rica em nutrientes, influenciando na produção primária e aumentado a quantidade alimentos da região sotavento. Por conta desses fatores, mais peixes habitam aquela região.
“Fernando de Noronha é uma ilha oceânica tropical ‘típica’. Portanto, esta distribuição assimétrica de peixes, mas também outros fenômenos observados, poderia ser aplicável a outros ambientes e ilhas semelhantes”, Arnaud Bertrand.
O ecossistema de Fernando de Noronha é favorável à pesca em pequena escala e para o turismo marinho. Ao proporcionar uma melhor compreensão da distribuição espacial dos peixes no arquipélago, é possível um melhor aproveitamento e também preservar a biodiversidade local, visando uma exploração sustentável.