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Representatividade e união guiam parceria da UAST e Comunidade Quilombola Feijão

Por: Julianne Mendonça 
julianne-ccs@ufrpe.br

O DADÁ: Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Relações de Gênero, Sexualidade e Saúde da UAST/UFRPE firmou parceria com o grupo Jovens em Ação da Comunidade Quilombola Feijão localizada no Sertão de Pernambuco. A união dos grupos começou em novembro de 2018, a convite dos próprios jovens da comunidade quilombola.

A fim de fortalecer o debate e a importância da representatividade, o grupo da Comunidade e os estudantes da UAST, escolheram 6 temas para a realização de atividades, são eles: sexualidade, racismo, igualdade de gênero, alcoolismo e outras drogas, religião e educação sexual. A escolha foi feita com base nos temas mais recorrentes apontados pelo grupo Jovem em Ação. As atividades, de cunho educativo, voltadas para os direitos humanos, acontecem uma vez por mês e são organizadas pelos estudantes da UAST.

O mês de setembro foi marcado pela realização da segunda atividade mensal, que teve como tema o racismo. O encontro contou com oficinas e roda de diálogo, e teve como finalidade discutir e entender como o racismo se desenvolve na sociedade e a importância da representatividade para ocupar espaços.

Munidas de experiência pessoais, Thiely Oliveira,Rayanna Souza e Ianne Silva, estudantes dos cursos de Ciências Biológicas e Engenharia de Pesca, respectivamente, ministraram a atividade para o grupo de 50 jovens da Comunidade que puderam ampliar seus conhecimentos sobre o tema

“A realização da atividade é importante por que leva novos conhecimentos e novos olhares sobre coisas que eles não conheciam. Foi bom para eles terem noção que o racismo não é só o xingamento, a agressão física, mas a construção social que a gente vive, e nada melhor que mulheres negras para passar isso para eles”, explica Thiely.

Durante a atividade, o grupo conheceu a história do povo negro, desde o colonialismo até os dias de hoje, a importância das comunidades quilombolas como ponto de resistência. Os jovens participaram ainda de um cine debate e de duas oficinas, uma de turbantes para ajudá-los a entenderem como a estética é o primeiro passo para a auto declaração, e a segunda, de criação de bonecas Abayomi, um símbolo de resistência, que significa dar o melhor de si para outra pessoa.

As dinâmicas realizadas, buscaram, acima de tudo, trazer a autoafirmação, fazer com que os jovens se questionassem sobre o que acontecesse na sociedade dos dias atuais e incentivá-los a continuar o diálogo a respeito das estruturas sociais, a ocupar espaços e reconhecer as formas de luta dentro do movimento negro. “As atividades foram muito bem recebidas, o debate sobre o tema já era feito, graças à escola rural da comunidade, nós não levamos uma novidade para o grupo, só proporcionamos a oportunidade de uma troca de experiência mais efetiva entre jovens negros”, explica a professora Lorena Moraes, coordenadora do projeto.

Para dar continuidade ao ciclo de debates e conscientização, outubro abordará questões relacionadas a igualdade de gênero, terceiro tema escolhido pelo grupo de jovens.

 

DADÁ: a voz da representatividade

O DADÁ: Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Relações de Gênero, Sexualidade e Saúde da UAST/UFRPE desenvolve sistematicamente, desde 2017, ações que interessam às questões de direitos humanos. Com foco no empoderamento das mulheres rurais, jovens universitários e da comunidade LGBTQI+, o grupo desenvolve palestras, cine debates, rodas de conversa, congresso, cursos e oficiais mensais evidenciando tanto as problemáticas do meio urbano, como do rural, pautadas pelo viés feminista, antirracista e anticapitalista, a fim de proporcionar o acolhimento, compartilhamento de vivências e experiências entre todos.

O nome do grupo faz alusão à memória de Dadá, uma das principais cangaceiras do bando de Lampião, que aos 13 anos foi violentada por aquele que tempos depois veio ser o seu companheiro – Corisco. Trata-se de uma história de violência, ódio, amor e lealdade, nada mais complexo do que a vida cotidiana e as relações de violência contra as mulheres impulsionada pelo machismo cotidiano, principalmente no sertão nordestino.

Coordenado pelas professoras da UAST, Lorena Moraes, Nicole Pontes e Larissa Cavalcanti, o Dadá realiza atividades referentes às temáticas das datas comemorativas do Calendário Nacional de Direitos Humanos relacionadas às questões de gênero, sexualidade e saúde, nas instalações da Unidade Acadêmica de Serra Talhada e nas demais instituições parceiras, são elas: Instituto Federal do Sertão, Faculdade de Ciências da Saúde de Serra Talhada (FACISST) e na Faculdade Integrada do Sertão (FIS).

O projeto tem por finalidade, estimular a interdisciplinaridade e o intercâmbio entre estudantes, pesquisadoras/es e atores sociais ligados às áreas da educação, saúde e movimentos sociais de diferentes regiões e instituições; através da promoção de eventos sobre temas que ocorrem na sociedade contemporânea relacionados às desigualdades de gênero nas esferas pública e privada. Atualmente, as atividades acontecem em duas comunidades rurais junto aos Grupos Produtivos de Mulheres do município de Mirandiba e Santa Cruz da Baixa Verde, semiárido pernambucano.

Ao todo, 16 estudantes, sendo 11 da UAST e os demais de outras Instituições de Ensino Superior de Serra Talhada, unem-se ao grupo para fortalecer o discurso na busca por igualdade, pela conscientização da população e pelo apoio mútuo junto às comunidades para realização das atividades.  “O DADÁ é um espaço de resistência dentro da universidade, no município de Serra Talhada, e no Sertão do Pajeú, uma vez que vem atuando também nas comunidades rurais de vários municípios do território do Pajeú lutando contra todas as formas de opressão”, explica a professora Lorena, coordenadora do projeto.

E, é neste sentido, que o DADÁ foi criado, a fim de fortalecer toda a comunidade, proporcionar a troca de experiências com os estudantes, e oferecer o acolhimento e apoio emocional, uma vez que os impulsiona à realização de projetos de ensino, pesquisa e extensão, constituindo-se em um grupo que produz ciência na academia sob a ótica da diversidade sexual, étnico-racial, cultural e regional, mas que acima de tudo criam as alternativas necessárias para a produção de um sentido de justiça social.