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SBPC celebra o Dia Internacional da Mulher com debates sobre o futuro da ciência brasileira

  Com transmissão pelo YouTube, as atividades serão realizadas nesta sexta-feira, 8 de março, das 9h30 às 12h

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) celebrará o Dia Internacional das Mulheres com uma manhã repleta de discussões no evento “Falam as cientistas: a SBPC e o futuro da ciência brasileira”. A atividade será realizada nesta sexta-feira, dia 8 de março, das 9h30 às 12h, com transmissão online pelo canal da SBPC no YouTube.

Segundo Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC, a entidade, por meio de ações como esta, busca inspirar e promover um maior engajamento da sociedade com as questões de gênero no campo da ciência. “A SBPC surgiu como uma sociedade em prol da ciência, tecnologia e inovação, mas sem deixar de lado assuntos importantes para a sociedade. Por isso, ao longo dos anos, acrescentou em sua luta questões como as étnicas e de igualdade de gênero. Metade da população mundial é feminina, então é essencial que todos tenham as mesmas oportunidades, tanto no plano subjetivo quanto objetivo. No subjetivo, toda e qualquer mulher tem direito às mesmas oportunidades dos homens. Do ponto de vista da sociedade, o fato de mais pessoas terem direitos aumenta a riqueza da sociedade, inclusive economicamente. Já no plano objetivo, aumentar a consciência da sociedade sobre a importância dessa igualdade absoluta também favorece políticas públicas que promovam esse direito. Por isso, a data é um convite à reflexão e mobilização”, comenta.

Francilene Procópio Garcia, vice-presidente da SBPC, concorda que além de celebrar todos os 8 de março, a data é fundamental para rememorar todas as lutas por direitos iguais e pela igualdade em todas as condições básicas de vida. “É um dia em que celebramos os avanços, todo o processo de ressignificação do papel da mulher na sociedade. No caso brasileiro, especialmente a partir de nossa Constituição de 1988, mas muito mais do que isso, a data é um dia para que possamos ouvir as mulheres com todas as suas trajetórias, experiências e reivindicações por mudanças que são necessárias para que a sociedade seja mais justa. É direito da mulher ter um espaço de voz e ter livre arbítrio para decidir como irá viver, seja no papel que exerça no âmbito da ciência ou em qualquer outra atividade. Esse dia não é só de celebração de conquistas, mas também de luta para ouvir as vozes de mulheres em toda a sua diversidade e reivindicações”, salienta.

Cláudia Linhares Sales, secretária-geral da SBPC, também lembra que o 8 de março, oficializado em 1975 pela Organização das Nações Unidas como o Dia Internacional das Mulheres, surgiu da demanda de trabalhadoras e trabalhadores, e concorda que a data é um dia de ativismo político em defesa da igualdade de direitos entre os gêneros. “As sociedades em geral, inclusive de países mais ricos, estão ainda longe desse ideal, por isso é fundamental a comemoração desse dia para a reflexão sobre um problema que prejudica a todos, que é a cultura que deprecia o trabalho e a capacidade da mulher, a cultura da posse sobre as mentes e corpos femininos, a cultura do assédio moral e sexual, a cultura da violência para resolução de conflitos com mulheres e a cultura que promove a mulher como ser inferior na escala social, unicamente responsável pelos trabalhos domésticos e cuidados da família. Então, comemorar essa data, mostrar as desigualdades, refletir a respeito delas, apontar políticas ou ausência de políticas, é ação fundamental da SBPC.”

Sales ressalta ainda que as comemorações da SBPC para o Dia Internacional das Mulheres mudam todos os anos. “No ano passado, exaltamos a capacidade e talentos de meninas na ciência. Este ano, optamos por fazer claramente ativismo em prol da igualdade dos direitos, discutindo os desafios, dificuldades e políticas para a inserção equitativa da mulher na ciência brasileira. Essa discussão será multifacetada. Ao mesmo tempo em que ouviremos a experiência da longa trajetória de uma pesquisadora ativa de mais de 90 anos, ouviremos agências de fomento à pesquisa, privada e pública, bem como as experiências de pesquisadoras que eventualmente enfrentam dificuldades adicionais por suas etnias.”

“Essa luta pela igualdade de direitos de todas as pessoas é uma luta histórica da SBPC. No caso das mulheres, acreditamos que para a sociedade brasileira abrir mão do talento e da capacidade das mulheres cientistas, uma vez que se trata de abrir mão de 50% da força de trabalho, é um prejuízo irreparável. Logo, a SBPC permanece atenta, forte e combativa na luta pela inserção plena das mulheres em todas as esferas de poder e trabalho na sociedade, com iguais direitos e reconhecimento”, pontua Sales.

Fernanda Sobral, diretora da SBPC, corrobora que o evento deste ano tem como objetivo discutir as várias dimensões da mulher no contexto atual, no poder político e na academia, dando maior visibilidade ao trabalho realizado por elas e, ao mesmo tempo, incentivando as mais jovens a ocuparem cargos de liderança na academia. “Nós sabemos que elas precisam desse estímulo para entrar e crescer na carreira científica”, afirma.

Para Laila Salmen Espindola, diretora da SBPC, a data é um dia especial na SBPC para evocar a necessidade de lutar por essa transformação social. “Este dia traz a história secular de lutas travadas diariamente por mulheres ao redor do mundo. Um mundo moldado para ser desigual. É preciso que a história conte sobre essas mulheres lutadoras, sobre nós, aquelas pretas, indígenas, brancas e pardas, comumente atormentadas pelo temor e injustiças causadas pela desigualdade de gênero enraizada na sociedade. Por isso, a SBPC registra o olhar sobre a história e em 8 de março o evento ‘Falam as cientistas’ servirá para celebrar as vitórias e discutir contribuições que acelerem as políticas públicas para a inclusão de mulheres e equidade na ciência do futuro.”

Diversidade

Ao comentar a programação, Francilene Garcia afirma que o evento deste ano será um momento para mergulhar em alguns debates importantes para a sociedade, principalmente naquele que precisa ser melhorado para as conquistas atuais e defender novas reivindicações por igualdade de direitos e oportunidade para as mulheres.

A vice-presidente da SBPC destaca a participação da química Yvonne Mascarenhas, vencedora da 5ª edição do Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” na área de Engenharias, Exatas e Ciências da Terra, que irá proferir a palestra “Conquistas da mulher no Brasil atual”. “Ela é uma mulher quase centenária que exerce sua atividade como cientista até hoje. É importante o quanto a trajetória dela pode nos inspirar”, afirma.

Garcia também ressalta os assuntos que serão tratados na mesa-redonda. “Além de dar voz a uma cientista experiente, traremos uma discussão importante sobre a parentalidade na academia. Sobretudo como colocar isso em prática, teremos uma cientista indígena, uma representante do Instituto Serrapilheira, que é uma agência de fomento que tem uma trajetória de olhar para a diversidade na ciência. Teremos ainda uma representante do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que irá abordar desafios e inspirações, além de uma mulher negra que trará sua visão de espaço, além de apontar os desafios que ainda precisam ser enfrentados”, comenta.

Serviço 

Dia Internacional das Mulheres

Falam as cientistas: a SBPC e o futuro da Ciência Brasileira 

Dia: 08 de março

Horário: Das 9h30 às 12h

Transmissão pelo canal da SBPC no YouTube.

 

9h30

Atração musical

 Abertura: Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC

Apresentação: Laila Salmen Espindola, professora da Universidade de Brasília (UnB) e diretora da SBPC

Conferência – Yvonne Primerano Mascarenhas, professor aposentada  do Instituto de Física de São Carlos da USP

 “Conquistas da mulher no Brasil atual”

 Atração musical
 

 10h20

 Mesa-redonda

Coordenadora: Miriam Grossi, professora associada da UFSC

Fernanda Staniscuaski, professora associada III da UFRGS e fundadora e coordenadora do Movimento Parent in Science

“Parentalidade na academia: para além de discursos”

Cristiane Gomes Julião, doutoranda em Antropologia Social do Museu Nacional da UFRJ e líder indígena Pankararu

“Ciência, minha ciência”

 

Cristina Caldas, diretora de Ciência do Instituto Serrapilheira

“Diversidade na ciência: a experiência do Serrapilheira”

 

Debora Peres Menezes, professora titular da UFSC e diretora de Avaliação de Resultados e Soluções Digitais do CNPq e vice-presidente da UFPLP

“Mulheres na ciência: panorama, desafios e inspirações”

 

Rosangela Aparecida Hilário, professora da UNIR e professora permanente do Mestrado Acadêmico em Educação e da Rede Mulheres Cientistas

“Os impactos do apagão das licenciaturas na produção científica e ações afirmativas”

FONTE: SBPC